quinta-feira, 7 de abril de 2011

Como me tornei professor




A vida que hoje levamos é uma conseqüência da história que fizemos.
Para entender como me tornei professor, volto um pouco na minha história pessoal. As mudanças sempre fizeram parte de minha vida desde muito tenra idade.
Nasci no interior do estado na região das missões, o meu pai contabilista na busca por melhores condições de vida para a família que iniciava associou se a um familiar no oeste de Santa Catarina, em um negócio de exploração de madeira tão em voga na época (sou ainda do final dos anos 50).
Cresci nos primeiros anos vendo o meu pai neste negócio, vendendo máquinas agrícolas e exercendo a atividade de professor e diretor da maior escola da cidade. As atividades de educador foram as primeiras de sua vida profissional, de menino do interior fez formação de professor em São Leopoldo na antiga escola de Formação de Professores da Igreja Evangélica Luterana as margens do Rio dos Sinos, e atuou como professor em mais de uma cidade do Rio Grande do Sul e Santa Catarina ainda na sua vida de solteiro. Sempre gostou da atividade e a conciliou enquanto pode com outras atividades e negócios.
Desta vida pacata de cidade pequena eu fui transferido para a grande cidade de Porto Alegre. O que mudou em muito a minha dimensão de observação e de compreensão das complexidades. Estudei em bom colégio, o Pastor Dohms, que era muito mais exigente do que a escola de minha antiga aldeia. Acompanhava muito de tudo com o olhar de que vem de fora, e por isto talvez mais critico e muitas vezes mais distante do que os nativos do lugar, avaliando e pesando tudo com a visão de quem já viveu em outros pagos. Já havia estado em duas cidades bem diferentes entre si antes de marcar pouso na capital dos gaúchos.
Anos passei nesta cidade que me deu a continuação da formação de primeiro grau, o segundo grau. E a minha curiosidade peculiar da mente de um engenheiro, mas exigência estética mais refinada me levou para a arquitetura.
Da arquitetura que me abria ao mundo, a vida na europa foi uma atração cada vez mais forte, e assim que quando terminei minha graduação, depois de 10 longos anos trabalhando e estudando, fui fazer estagio em um escritório alemão de arquitetura, do estágio fui trabalhar como profissional em Lisboa, e depois retornei a Alemanha, para atuar no gerenciamento de obras, e assim o estágio de poucos meses acabei estendendo para mais de oito anos a minha vivencia, que  em muito acrescentou ao meus conhecimentos profissionais, e com a oportunidade de viver em várias cidades em função do trabalho, uma experiência pessoal e humana marcante que deu continuidade as percepções do meu inicio de vida quase cigano com os meus pais.
Mas o Brasil e os amigos de outrora ainda me chamavam, e acabei retornando.
Voltei, e para me aclimatar comecei um mestrado na área de sustentabilidade, tema que muito me atraiu na europa pelo seu desenvolvimento nesta área. Deste mestrado começado (e até hoje inacabado), e pela minha curiosa experiência européia na área de arquitetura e construção, acabei sendo chamado para dar aulas, primeiro em porto alegre, no vale do sinos, e posteriormente pela serra, na UCS onde me senti bem integrado ao curso.
E assim comecei a minha atuação em mais um novo segmento para mim, o do ensino na arquitetura e urbanismo, sei que pautei sempre o meu ensino com diretrizes mais práticas do que teóricas, de acordo com a minhas experiências pessoais de vivencia profissional, nas minhas aulas de projeto, desenho técnico, ou disciplinas de desempenho das edificações, sempre priorizei a relação dos conteúdos teóricos com a aplicação prática real, creio que este é um dos diferenciais como professor na minha relação com os alunos.
Já a aproximadamente dez anos que atuo como professor e arquiteto concomitantemente, creio que um papel apóia o outro na sua atuação e qualificação, sempre me vi como uma pessoa plural que tem desejo de abraçar várias frentes ao mesmo tempo, sei que esta vontade gera muitas possibilidades mas talvez algumas dificuldades com o direcionamento e foco, nesta dimensão o meu mestrado ainda não foi concluído apesar dos esforços e boa vontade do meu orientador amigo incansável a sinalizar sempre e fortemente a luz  do conhecimento do mundo acadêmico.
A atuação como professor sempre foi muito enriquecedora pelo contato com os meus alunos, na suas buscas por conhecimento e com a cooperação que eu posso dar nesta fase de vida tão importante que é o da formação acadêmica destes jovens, creio sim que posso contribuir com o meu conhecimento e minha trajetória pessoal. Continuam me incentivando as boas avaliações dos alunos e a procura de alunos para orientações e estágios.
Neste momento, como inscrito neste curso de especialização para formação de professores do ensino superior, me sinto mais professor, pois o momento oportuniza uma reflexão impar depois de anos de atuação, me possibilitando uma revisão da forma de atuação, e percebendo em mim muitas qualidades como professor que nunca foi formado teórica e academicamente, e que agora tem a oportunidade desta reflexão e formação didática pedagógica, apoiando assim o meu conhecimento técnico que já possuía pela trajetória profissional.
Agradeço muito a oportunidade que a universidade está me dando nesta reflexão pessoal de potenciais, alguns deles talvez adormecidos. O ritmo deste curso me sinaliza uma retomada dos aspectos mais acadêmicos do professor e assim do meu mestrado com mais objetividade e motivação.

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