sexta-feira, 8 de abril de 2011

Hipertexto no contexto educacional

Reflexões sobre o texto original de Maria Helena Pereira Dias



O hipertexto seria um “texto produzido conjuntamente”, há uma reconfiguração do papel de autor-escritor e do usuário-leitor, alterando a idéia de posse e autoria de um texto “ilhado” com significado único.
O hipertexto é um dos paradigmas básicos em que a teia mundial se baseia. Ele é uma espécie de texto multi-dimensional em que numa página trechos de texto se intercalam com referências a outras páginas. Clicando com o ``mouse'' numa referência destas a página corrente é substituída pela página referenciada. É muito fácil formar uma idéia grosseira do que é um hipertexto: basta pensar nas edições mais modernas da Enciclopédia Britânica que se constituem de uma mistura de informações com apontadores para outros trechos da própria enciclopédia.
O hipertexto é muito apropriado para a representação de informações no computador por dois motivos: permite subdividir um texto em trechos coerentes e relativamente curtos, facilitando a sua organização e compreensão; permite também fácil referência a outras partes do texto ou a outros textos, totalmente independentes, muitas vezes armazenados em locais distantes. Isto cria uma característica própria de leitura da informação que, após um curto processo de adaptação, passa a ser intuitivo para o usuário, que se refere a esta leitura como ``navegação''.
O leitor do hipertexto torna-se participante em relação ao processo de aquisição do conhecimento: é facultado elaborar livremente, sob a sua responsabilidade, trajetos de seu interesse, acessando, seqüenciando, derivando significados novos, acrescentando comentários. Exemplos de hipertexto: sites, blogs, googlesite.
Vantagens do uso do hipertexto na educação:
O hipertexto no contexto educacional deve ser cuidadosamente planejado.
As vantagens do uso do hipertexto segundo o autor seriam:
Facilitar o ambiente no qual a aprendizagem acontece de forma incidental e de descoberta (usuários participam ativamente do processo de busca e construção do conhecimento);
Atender as diferenças individuais quanto ao grau de dificuldades, ritmo de trabalho e interesse (espaço transicional apropriado ao ensino e aprendizagem colaborativos);
Para os professores:
Organizar materiais diferentes de várias disciplinas ministradas simultaneamente;
Recompor colaborações entre as diferentes turmas de alunos;
Planejar de forma eficiente o desenvolvimento dos cursos a distância, facilitando a informação a estudantes localizados nos mais distintos pontos;
Tornar realidade a abordagem interdisciplinar dos diversos temas, abolindo as fronteiras que separam áreas do conhecimento.
Dificuldades que podem ocorrer:
Por ter a característica da não linearidade exige atenção redobrada para que o foco da pesquisa não seja deslocado para assuntos diversos, tirando o foco da busca inicial da pesquisa;
Texto eletrônico depende de uma tecnologia emergente, portanto para exploração correta dos recursos, um certo conhecimento da gramática da tela que oriente a escrita é necessário.

Acreditamos que uma reflexão e discussão maior deveriam ser realizadas entre os professores “desconhecedores” e “usuários” destas novas tecnologias como ferramentas pedagógicas. Percebemos que muitas seriam as vantagens do uso em sala de aula desta ferramenta, mas deveríamos pensar também naqueles educadores que estão mal equipados para lidar com essas novas configurações culturais.
Como cita a autora:
A partir de uma perspectiva que reconhece o deslocamento do sujeito e de sua consciência do centro do mundo social, que encara a linguagem e os discursos que definem a realidade como constante movimento é que vamos encaminhar com maior propriedade uma reflexão sobre as denominadas tecnologias educacionais e, mais especificamente, sobre o hipertexto, uma nova forma de produção e transmissão cultural.
Questões citadas no texto pela autora, tais como: Quem são os alunos? Quem são os professores? O que e de que forma compete a escola ensinar? Devem ser mais aprofundadas.

Como ensinar a ler a quem já sabe ler

Reflexão sobre o texto, “Como ensinar a ler a quem já sabe ler – Leu, mas não entendeu: um problema que costuma explodir na universidade" – Marlene Carvalho, Mauricio da Silva.”


Os autores procuram com o texto desenvolver uma reflexão sobre o uso e ensino da leitura na graduação e pós graduação, uma pedagogia de leitura para o estudante universitário é possível e necessária. Que os alunos sejam capazes de ler para aprender.
Para tanto ao inicio do texto abordam os mitos da leitura obrigatória de capacidade informativa do aluno, e que a percepção dos significados seria homogênea para todos os alunos. Mas que de fato esta homogeneidade é inexistente em função das bases heterogêneas prévias das concepções diversas dos alunos. Como citam os autores, o leitor tranporta para o ato de ler seu acervo de experiências , de tal forma que existe uma leitura para cada leitor num mesmo momento e uma leitura diferente para o mesmo leitor, em momentos diversos.

Os autores relacionam alguns equívocos tradicionais dos professores que levam os seus alunos a interpretações incompletas dos textos :
- Extraia as idéias principais do texto: o professor deve direcionar a leitura de tal forma a atingir os objetivos principais da leitura do texto, sem no entanto  direcionar e condicionar em demasia a busca por estes objetivos para não limitar a necessária reflexão critica do alocutário.
- Se não entendeu o texto, leia de novo. Leia e releia até compreendê-lo. Referem os autores que a mera repetição da leitura produz efeito inverso daquele desejado, melhor seria ajudar o aluno a compreender os motivos de sua dificuldade.  
- Se não entendeu o texto o seu problema é de vocabulário. Procure no dicionário todas as palavras desconhecidas. Apontam os autores a necessidade de induzir o aluno a aprender o significado da palavra na sua contextualização, ou seja, o uso do dicionário não será tão eficaz.

Os autores relacionam por fim algumas sugestões didáticas a fim de efetivar o processo de leitura :
1.- Bons leitores não mergulham na leitura sem antes examinar o material. Avaliação da capa, contracapa, fichas bibliográficas, índice, introdução, em suma uma “varredura”. Este é o primeiro passo para abandonar a atitude passiva que caracteriza os maus leitores.
2.- Leitura linear x leitura ativa. Sugere se fazer a leitura em duas formas em grupos independentes em sala de aula sobre o mesmo texto. Uma delas, a linear, é realizada sem instruções do professor com objetivo meramente informativo e jornalístico. Enquanto que na leitura ativa, com o aporte das orientações do professor, o grupo fará a leitura precedida pela varredura, informações colhidas, perguntas individuais dos alunos, e perguntas formuladas pelo professor, e etc. Ao final é traçada a comparação entre os dois métodos.
3.- Contrato de leitura. Nesta modalidade o aluno é levado a refletir o que leu e como leu, dando a ele mais liberdade na escolha dos textos. Avaliando se a proposta é pertinente, suficiente, ou ambiciosa demais. Ou seja o professor deve ajudar o aluno a tornar se um leitor competente.  

Relatório de leitura
Enfatizam os autores que o relatório de leitura não se confunde com o habitual resumo dos textos lidos. O ler para aprender confrontar idéias e tirar conclusões deve ser realizado através de uma leitura reflexiva e critica.

Conclusão
Segundo concluem os autores, o professor universitário, tanto da graduação quanto da pós graduação, é responsável pelo desenvolvimento da competência dos alunos em leitura. É mais comum os professores se queixarem da dificuldade dos alunos com a produção de textos do que com a leitura. Destacam ainda os autores, a tendência dos alunos de esconderem as suas deficiências de leitura, e criticam os professores por que continuam a agir como se todos alocutários tivessem o mesmo nível de compreensão homogeneo.

Ser Professor

 A partir da leitura de texto do livro “Ser Professor” de Claus Dieter Stobaus e outros. No capitulo, O professor e a docência : Encontro com o aluno – Marlene Grillo – O deslocamento do encontro. Pgs. 73 a 91.

O texto me surpreende pelo seu direcionamento, especialmente na sua segunda parte.
Inicia por expor um panorama da atividade do professor em sala de aula em citação de Gusdorf (1967) do livro Professores, para quê ?, em que lança preocupação sobre alunos futuros professores. Mostrando que os futuros professores tem uma visão extremamente instrumental e reducionista da docência, que desconhece duas ideais chaves mobilizadoras da docência, que são a instabilidade do contexto da sala de aula, e o sentido de totalidade do ensino.

            A instabilidade do contexto da sala de aula, parece ser claro para mim, pois as características de uma vida em aula são de incerteza, singularidade e heterogeneidade, sabe se que não existe manual para prever as ações docentes neste ambiente instável, em que somos surpreendidos pelo insólito e inesperado, e pretendemos sempre responder com acerto a todo o inesperado. Obviamente frente ao inesperado a muitos acontecimentos que seguem a rotina já conhecida, que pode ser guiadas pela repetição, mas que não podem ser mantidas no conformismo, que pode desvitalizar a docência, pela falta de interesse do professor de experimentar novas abordagens e manter a mesmice das velhas soluções para velhos problemas. A situação incerta obriga ao aprofundamento das relações, e sensibilidade e intuição do professor, para perceber cada grupo ou cada aluno.

            O sentido de totalidade, alerta para a complexidade da atividade docente, pela convergência concomitante de questões teóricas e práticas. Ultrapassando muitas dimensões no cotidiano escolar, chegando ao homem e as suas finalidades, se aproximando de um caráter educativo mais amplo do que a simples instrução. Abandona se a recionalidade técnica e dirige-se para para o sentido de globalidade, integrando o professor e aluno como pessoa e profissional. Elementos dinâmicos, em um contexto de ação reconstruindo teoria e prática sob um enfoque reflexivo e critico. A docência deve envolver o professor na sua totalidade, sua prática deve ser o resultado do saber, do fazer e do ser, um compromisso da sua totalidade. E neste sentido deve se estudar sob quatro dimensões distintas e relacionadas em sua várias dimensões : pessoal, prática, profissional e contextual.

            Dimensão pessoal, deve ser ter em mente que é uma profissão construída sobre valores e fundamentos éticos-filosóficos, impregnada de valores de intencionalidade. A atividade cruza constantemente a nossa maneira de ser com a maneira de ensinar. Espera se um equilíbrio entre as características pessoais e profissionais,  e que as suas ações traduzam a plenitude de sua pessoa. O aluno traz para aula sempre o produto de sua história pessoal, suas experiências particulares vividas, e sua disposição particular de realizar o seu percurso como estudante. Isto exige do professor uma acentuada responsabilidade de dever ético com as particularidades dos alunos, a fim de se estabelecer o caráter da reciprocidade com apoio afetivo, técnico ou cognitivo, uma relação solidária, prazerosa e desfiadora.

            Dimensão prática, aqui estão encerrados os conhecimentos didáticos, técnicas e métodos, instrumental teórico que facilitara o ensino e favorecerão a aprendizagem. São habilidades necessárias, mas não podem isoladamente ser supervalorizadas, a fim de não desviar a atenção de outros essenciais, sob pena de uma sobrevalorização da competência no atendimento de normas e ações mecânicas de técnicas.

            Dimensão do conhecimento profissional docente, é o conhecimento necessário para o professor realizar a tarefa de ensino, é um conhecimento diferenciado pois não apresenta limites precisos ( o autor se acha acima da média de mercado acima de outros profissionais, imaginando que outros possuem limites ?! acho que é característica de qualquer atividade humana com um homem que se desafia, não é o que se faz que define este caráter mas sim como cada ser desempenha o que faz. Julgamentos equivocados desta ordem são comuns de se encontrar em grupos como o clero, os militares e acadêmicos, que possuem juízos de valor muitas vezes completamente distintos e singulares do restante da sociedade produtiva). Cita ainda mais autores que defendem a colocação acima. O conhecimento profissional é mais do que o conhecimento de especialistas em uma área especifica e mais do que o conhecimento de conteúdos de diferentes disciplinas, e também é mais do que o resultado da experiência. O conhecimento profissional docente constitui-se de diferentes tipos de conhecimentos articulados de, disciplinas diversas, disciplinas relacionadas, experiência prática pedagógica e de didáticas especificas. Possuindo obrigatóriamente caráter de flexibilidade, dinamismo e atualização.
            Dimensão contextual, a pratica docente deve ser aberta para a realidade e a sua interação, ultrapassando o recinto da sala de aula a fim interagir no contexto da comunidade e da humanidade em uma perspectiva planetária, abrindo se para o entorno, em uma maior participação do aluno enquanto cidadão. Assim se assume a tarefa educativa relacionando situações concretas sempre vinculadas ao contexto.
            Por fim para concluir o texto o autor no seu titulo A recomposição pelo encontro, destaca em mais uma citação de Gusdorf, “não há na vida momentos neutros (...), seja qual for o calendário, todo encontro nos desloca e nos recompõe...” quando relata que os seus alunos mudaram a sua concepção na direção de um professor mais afetivo, acolhedor, receptivo, otimista, entusiasmado e confiante no potencial do aluno, e não um professor tão instrumental. No clima em sala de aula se reconhece a afetividade como um fator positivo na aprendizagem, destacando a importância da do equilíbrio entre o bom humor e a seriedade. A aceitação do inesperado como algo inerente a dinâmica da sala de aula. E a relação de professor e aluno é destacada a riqueza da interação e respeito as diferenças no que diz respeito a conhecimentos prévios, tempo de cada aluno, área de formação e oportunidade para o exercício da critica. O afeto a ternura e ao acolhimento são recursos de otimização do aprendizado, a docência integra muito mais do que conteúdos e técnicas, integra o professor na sua totalidade, ele é o que ensina, e ensina o que é. Aprende se não só com o cérebro, mas ainda com o coração (Assmann, 1998). Não se trata de colocar em segundo plano um conteúdo organizado para o aluno, mas sim novas categorias que estão despontando, segundo Gadotti (1989), “o cotidiano, a fala, o entorno, a singularidade, o vivido (...), a reinvenção da utopia, da paixão, da escuta e até da lagrima”.    

A pratica nas minhas disciplinas e o texto

Pelo texto fico realmente tocado pelo aspecto plural e humano que tira um pouco o foco dos procedimentos técnicos pedagógicos mais discutidos e tradicionalmente  focados. A dimensão da relação humana em sala de aula e a sua implicação no processo ensino aprendizado é algo que me atrai, o professor na sua totalidade presente na sua dimensão pessoal. Em nosso curso, arquitetura e urbanismo, pela característica essencialmente prática de grande parte das disciplinas, pela vantagem do reduzido número de alunos em sala, e pelo próprio caráter do tema arquitetura que é por si só muito plural abarcando sempre muitos aspectos para a sua execução, a proximidade e pessoalidade de todos, tanto professores como alunos é praticamente uma exigência para que se possa trabalhar nesta área.
Nas disciplinas que ministro, que são de desenho técnico e de projeto arquitetônico, não posso deixar de me mostrar para além de professor como um profissional da área, com as suas características de trabalho e conceitos. Os alunos da mesma forma, especialmente na disciplina de projeto arquitetonico, se mostram com o seu repertório de conhecimento arquitetônico e todas as suas pessoalidades de seu histórico de vida; é assim e só assim que se compõem um fazer arquitetônico.
Com a leitura do texto fico refletindo sobre as minhas possibilidades pessoais para otimizar a minha relação pessoal e afetiva com os alunos, em uma relação de maior confiança com a realização de suas potencialidades no aprendizado dos conteúdos da disciplina.     


Escrita e Tecnologia

Nos remetemos a um texto clássico de Platão, mais especificadamente ao Fedro. Sócrates narra ao discípulo a visita de Theuth, o deus das invenções, a Thamus, rei do Egito. Theuth fala sobre a escrita, para ele uma receita segura para a memória e a sabedoria dos egípcios, e o faraó posiciona se contra a invenção, argumentando que “a invenção se coloca contra a sua verdadeira função, pois ao contrario de exercita-la se tornarão esquecidos, pois confiarão na escrita para trazer a sua lembrança, em vez de fazer por meios internos”.

A escrita assim se apresentava perigosa, pois diminuiria os poderes da mente. Como se pudesse assim o faraó ao pensar na mente em exercício e olhar para um texto escrito, dizer, “isto vai matar aquilo”.

Toda  e qualquer inovação tecnológica tanto é um fardo como uma benção, não uma coisa ou outra, mas sim isto e aquilo.

Cabe a nós refletir sobre as mudanças (mais do que os benefícios e malificios) que ocasiona na percepção da realidade. E no caso do computador nas mudanças de maneiras de pensar e aprender.

Estes receios que sentimos hoje em relação a tecnologia são repetições históricas de outros momentos que o ser humano já viveu, como no caso da invenção da escrita, da imprensa, dos livros, da TV. Sempre relativizamos as novidades tecnológicas e mudanças, esquecendo que a cada mudança nos oportunizamos a nos desenvolver de outra forma  em outra dimensão ainda não vivida, não eliminando o conhecimento e a forma anterior e ampliando a condição de compreensão e entendimento da realidade a cada vez que nos dispomos a ver e viver diferentemente com o uso de outra ferramenta tecnológica.

Atualmente ocorre uma mudança radical na forma de adquirir conhecimento através de textos com o aparecimento do hipertexto, a forma de estruturar raciocínio, aprendizado e conhecimento afastam se cada vez mais do texto comum impresso, gerando inúmeras possibilidades de formatação do conhecimento.  



Para os gregos antigos combinar os termos téchne (arte, destreza) e logos (palavra) orientava o  discurso sobre o sentido e finalidade das artes. Técnica  e arte no mundo grego  possuíam pequena distinção. A téchne não era habilidade qualquer (requeria o uso de certas regras). Heródoto, primeiro a definir o termo téchne, apresenta o como “um saber fazer de forma eficaz”. Já Platão define como “a realização material e concreta de algo”.

A inteligencia do homem permite lhe transformar pela téchne a realidade da natureza em uma realidade artificial com finalidades de subsistência e proteção.

Segundo Aristóteles a téchne é superior a experiência, mas inferior ao raciocínio.

Para os gregos enquanto a epistéme era um conhecimento teórico a téchne era um conhecimento prático.

Na idade média o termos ars tinha o mesmo sentido do téchne grega, no entanto ars mechanica foi assumindo as características do termo técnica como o entendemos hoje.

Na idade moderna a técnica foi incorporada ao saber (ciência). Fusão que abriu novo espaço de conhecimento, a tecnologia, técnica que emprega a ciência e a fundamenta, quando lhe dá aplicação prática. A tecnologia torna se assim conhecimento aplicado.

Grande debate atual ocorre hoje em relação a tecnologia, e  refere se a imposição de distinções entre ciência pura e ciência aplicada, geradas pela ciência moderna. Imputando a ciência aplicada o uso benigno ou perverso do conhecimento. Nega se assim a neutralidade cientifica, e ignora se que a tecnologia bem ou mal, vai criando um novo ambiente humano, modificando a própria sociedade. A interação dos indivíduos com a tecnologia tem transformado profundamente os próprios indivíduos, produzindo novos sujeitos, com novas capacidades e habilidades.

O temor em relação ao novo faz parte da história do homem. O surgimento de qualquer novo dispositivo tecnológico tende a ameaçar competências adquiridas.

A introdução de uma nova tecnologia não torna automaticamente obsoletas as tecnologias anteriores e, na maioria das vezes, as tecnologias mais avançadas incorporam aquelas que as precederam, nas quais estão virtualmente contidas.

A cada nova tecnologia de escrita a nossa forma de pensar e ver o mundo sofre influencias, mudando a maneira  como entendemos o conhecimento e alterando hábitos de conhecimento profundamente enraizados.

A escrita pelo computador, através dos processadores de texto e editores de hipertexto, altera a noção de autoridade, como a própria expressão define : a ação do leitor ou de vários leitores torna-se não só possível, mas inerente a própria experiência hipertextual – o leitor ao ler traça o seu caminho, ele mesmo um texto sobre o texto.


quinta-feira, 7 de abril de 2011

A arte da improvisação

 Comentário sobre texto de Cláudio de Moura Castro

“Sabemos com segurança que quanto mais planejada a aula, mais os alunos aprendem. E para planejar, nada como usar as melhores práticas acumuladas ao longo dos anos. Pouquíssimos tem a vocação ou tempo para inventar boas aulas”.

“Quanto melhores e mais detalhados os materiais disponíveis, mais o professor pode se preparar para o momento da aula, ajudando a afastar o Brasil de um ensino catastrófico. E, no fundo a aula é o elo mais nobre e critico do processo de ensino”.


O professor no momento da aula deve estar livre para “dar a aula”, e assim ficará mais livre quanto melhor apetrechado e preparado com o seu conteúdo e método estiver. Aulas não se inventam, mas se planejam e devem seguir um script de bom conteúdo e pedagogia. Vivemos em uma sociedade da divisão do trabalho, não precisamos criar e inventar tudo, devemos sim para as nossa aulas reunir o melhor já produzido sobre o tema e dar o formato que possibilite a aprendizagem pelo aluno.

Blog - Seminário para formação em EAD

Desenvolvemos um blog de teste para experimentar o uso do recurso e avaliar as suas possibilidades como ferramenta de formação para o ensino superior, este trabalho foi desenvolvido em conjunto com a colega Patrícia Regina Righes Pereira e com o colega Valderes Teixeira da Motta. Tenho a impressão de que o blog poderá se tornar um ótimo aliado no processo de ensino e aprendizagem de várias disciplinas.
O blog que desenvolvemos se chamou HIPERESCRITA  e possui ainda um link de um passo-a-passo para a montagem e produção de blogs que postamos no Slideshare.

Site - Seminário de Formação em EAD

Olá queridas profes. Isolda e Laurete !

Envio para vocês o link do meu site que estou criando para a minha disciplina de Projeto Arquitetônico IV, ainda está bem primário em termos de formatação e apresentação, mas contem a estrutura em etapas que pretendo manter. Não consegui fazer uma revisão muito criteriosa dos textos. O uso das ferramentas me ocupou bom tempo, mas estou começando a me entender na ferramenta e percebendo o seu potencial.


Entendo que a apresentação gráfica e composição deva ser mais elaborada, especialmente se tratando de alunos de arquitetura dos quais cobramos muito os aspectos de desenho, mas aí preciso de mais agilidade no uso do software, o que demanda um pouco mais de tempo de dedicação e provavelmente algum apoio de monitoria ou algo parecido !

Entendo como uma experiência inicial a ser desenvolvida, que gerou um excelente conhecimento deste recurso de apoio e qualificação dos conteúdos ministrados e discutidos em aula.

Agradeço a grande paciência que tiveram de ensinar, mesmo nos momentos em que não a tive,

Um grande abraço,

Daniel Reimann

Aprofundar e pensar a professoralidade ?!



Pensar a professoralidade para muito além de uma simples transferência do conhecimento que adquiro atuando profissionalmente, para de fato me tornar mais professor profissional em sala de aula e menos profissional professor. É uma tarefa que começa com uma reflexão como a que se está oportunizando agora com este curso de formação para professores. A simples visão das inúmeras possibilidades, das dificuldades e das responsabilidades, deixa antever um universo de mudanças e melhorias possíveis.
Penso que o fato de já ter partilhado de diversos universos no mundo de atuação profissional como arquiteto e técnico gerou uma condição de reflexão objetiva e extremamente prática que me facilitou a organização e uma condição clara na definição de objetivos de trabalho com os alunos. O que gera facilidades por um lado, mas pode gerar também caminhos que em alguns momentos podem beirar a uma linearidade excessiva, que se é boa para o alcance de objetivos no mundo prático, pode ser uma perda de oportunidade de reflexão para o mundo acadêmico, se avaliarmos com mais atenção a grande variedade de potenciais dos alunos e seus caminhos possiveis a serem trilhados na busca do conhecimento e aprendizado.
Pensando hoje na minha professoralidade, para começar ... ao me sentir hoje mais professor (até por me sentir mais apoiado como tal por este curso de formação), penso que posso me sentir menos ansioso na busca de objetivos pré definidos individualmente por mim a serem aplicados em sala de aula, para com maior tranqüilidade e segurança poder compartilhando com a turma e sentindo o seu potencial avançar de forma mais reflexiva na busca do saber reconhecer o conteúdo previsto. Vejo isto especialmente em minha disciplina de Projeto Arquitetônico IV, em que os alunos já estão com um currículo de estudo por volta do oitavo semestre e a autonomia e responsabilidade individual pode e deve ser mais ampla, delegada e cobrada, provocando o aluno a se responsabilizar mais pelo seu percurso. De minha parte eu posso compartilhar mais ainda informações e provocar a busca por pesquisas de referenciais, dando mais aquela liberdade vigiada, consentida e dirigida, a fim de que se alcancem os objetivos sim ... mas evitando abreviar os processos de buscas individuais dos alunos, e sim provocando e incentivando mais as particularidades e individualidades de cada um.
Para mim como professor e técnico conhecedor de projetos, significa uma busca maior e mais ampla de informações, isto significa maior pesquisa e empenho na busca por referenciais de qualidade, de origens e tendências distintas, muitas vezes vistas sem a devida reflexão. E como pessoa, significa maior segurança e tranqüilidade no reconhecimento das pluralidades possíveis, reconhecendo o aprendizado nas suas variadas facetas. Ou seja a ampliação dos critérios de aquisição de conhecimento e da forma de avaliação dos seus resultados, propiciando uma visão mais ampla e flexível das possibilidades no caminho da busca do aprendizado conduzido em uma disciplina acadêmica. 
Só este começo simples de reflexão e mudança de atitude citado acima, aparentemente quase óbvio e superficial, na realidade encerra uma série da atitudes e ações necessárias para que os objetivos se alcancem.
O domínio do conhecimento técnico deve ser aumentado, otimizado, ampliado a fim de que o domínio do tema da disciplina seja cada vez mais amplo. E para isto estudo dirigido, leituras continuas e viagens para ampliação deste conhecimento especifico devem ser consideradas investimento, para se manter a atualização e reflexão compatível com a necessidade de ensino e aprendizagem dos alunos em sala de aula. Com o domínio maior do conhecimento, também o domínio de condução em sala de aula se otimiza, que junto com estratégias pedagógicas bem aplicadas, poderão otimizar o rendimento no aprendizado da turma.
E aí entra o uso de ferramentas que poderão ser úteis a fim de oxigenar ainda mais a relação professor – aluno em torno da disciplina em foco. O professor deve provocar o aluno para que ele possa trafegar em torno dos temas de interesse da disciplina com interesse, desenvoltura, e por fim com intensa familiaridade. A utilização de alguns recursos de otimização de divulgação de informações e troca de outras, pode ser uma ferramenta adicional de implementação destas intensidades. A apropriação de blogs, sites que são recursos que podem divulgar informações e provocar a troca e exposição de opiniões, pode auxiliar neste processo de aprendizado gerando oportunidades do aluno se colocar e expressar as suas opiniões e individualidades.
Obviamente todo o processo de mudança passa primeiro pela busca das capacitações para a que as ferramentas de fato sejam formatadas com segurança.
O domínio de conhecimento em cada área acima citada deve ser buscada com formações especificas, no caso estudos de especialização, mestrado, palestras, seminários, congressos acompanhados de muita leitura e pesquisa individuais.
A minha formação docente hoje está calcada na transferência do conhecimento da prática profissional e de modelos dos melhores professores que tive até hoje. Reconheço ao participar deste curso que algo mais objetivo e dirigido de forma mais profissional pode ser feito, calcado em conhecimento de recursos pedagógicos específicos para o ensino no nível de graduação, que poderão com boa reflexão gerar mudanças no meu ser professor e na minha forma de provocar o conhecimento em meus alunos.
Os processos de aprendizagem nas disciplinas que ministro, que são de ênfase pratica, e o seu aprendizado se faz sobre projetos específicos que com os seus desafios provocam o aluno a desenvolver as suas próprias reflexões e ferramentas de trabalho. Neste âmbito a otimização da reflexão dos alunos sobre o seu próprio fazer é de fundamental importância critica para a qualificação e sedimentação do aprendizado e conhecimento. Portanto a forma de condução de aula propiciando com as suas ferramentas esta oportunização para a turma é de fundamental importância. Imagino assim uma condução focada com estes objetivos, e utilizando ferramentas que auxiliem nesta meta, de uma maior abertura as individualidades na busca pelos grandes objetivos que são os objetivos da disciplina.
             Penso neste momento (embora não seja o foco do questionamento levantado pela Prof. Eliana), que de uma forma geral a universidade vem perdendo há muito tempo o seu espaço e papel tradicional de reflexão e capacidade de provocador para a renovação social. Na medida que cada vez mais se apresenta linear e conservadora focada em resultados e no desempenho profissional de seu corpo docente e discente (no mercado). Com isto perdendo gradativamente o seu papel histórico como questionador e promotor da renovação do pensar e fazer humano. Penso que tudo isto está muito ligado a falta de reflexão sobre o fazer que vem ocorrendo no ambiente acadêmico ... trabalha se muito mais com a formula pronta a fim de que se objetive mais e se reflita de menos. Haveria em nosso tempo espaço em ambientes acadêmicos para revoluções estudantis ?!

Aprendizagem da experiência

Transcrição de texto de trabalho e revisão pela prof. Eliana Rela : 

Oi Eliana abaixo os meus cometários sobre os teus !!

Tópicos sobre leitura de texto

Formação de professores do ensino superior : Aprendizagens da experiência - Bordas, Mérion Campos / UFRGS

Oi Daniel,
Você apresentou as idéias (dificuldades, carências, possibilidades) relacionadas ao fazer docente. Infelizmente, no Brasil, ainda não há certificação de competências como no caso Europeu. Assim, precisaremos continuar buscando a certificação de modo formal, por meio de cursos. Como você projeta sua carreira como docente universitário?
Abraço, ERela

Oi Eliana,
contínuo ainda entendendo a minha atividade de docente como uma carreira em continua construção em que aproveito a continuidade de minhas experiências e vivencias profissionais práticas para trazer ao ambiente acadêmico o dia a dia aos futuros profissionais. Entendo também que a finalização do meu mestrado poderá contribuir para que com a titulação se abram mais espaços de trabalho dentro do curso para que eu possa me envolver com projetos que já estavam ao meu alcance  e que agora estão restritos a professores com mais titulação. A oportunidade de participar deste curso de formação de professores do ensino superior está abrindo uma condição de reflexão em uma dimensão que eu não havia experimentado sobre a profissionalização do professor de ensino superior no meu curso, o que está me abrindo a percepção para novas possibilidades.  Sempre entendi a minha vinculação com a academia como uma parte de minhas atividades profissionais, que mesclam esta função com o exercício da arquitetura que ensino em aula. A teoria e prática assim se completam. Pode ser que com mais estudo e formação acadêmica o peso e ocupação destes dois universos possa sofrer alguma alteração, com ênfase maior para a academia do que para a prática ?!



1.- Ensinar na universidade é ocupação ou profissão ?

A partir da leitura refleti mais um pouco sobre esta diferença entre a ocupação e profissão. Porque ensinar na universidade não pode ser uma profissão como tantas outras (?), pode o professor se qualificar e profissionalizar o seu conhecimento de ensino, e não só o seu conhecimento técnico de sua área especifica, tornando se assim de fato um professor que ensina em sala de aula, ou propicia o ensino e aprendizado (?). A ocupação de ensino pode ocorrer com atuações tanto de professores profissionais, como citou a autora, médicos, engenheiros, farmaceuticos e etc. que se ocupam em dar aulas, mas também não citado pela autora de professores titulados (mestres, doutores, etc.) que se profissionalizam em pesquisas e que se ocupam com ensino. A questão de ocupação ou profissão é uma atitude em relação a sala de aula e não de origem do seu conhecimento.

2.- Pode um professor universitário assumir a sua professoralidade ?

Conforme comentei acima, um professor pode assumir a sua professoralidade na medida que encara o seu papel de ensino entendendo que o seu conhecimento especifico técnico-cientifico pode ser transmitido (Daniel, transmitir conhecimento é diferente de levar o estudante a aprender. Sim Eliana, percebi o meu erro no texto, de uma realidade que percebo e entendo a diferença, que pode ser a mesma de ensino e aprendizado...) com método e atenção a dimensão do conhecimento adquirido dos seus alunos, a fim de que o processo de aprendizagem de fato se realize. Nesta dimensão torna se de fato professor na grande acepção da palavra. É uma questão de paradigma, pois eu não acredito na transmissão de conhecimento, aqui eu quis apenas destacar o papel complexo de um professor ... na grande acepção do termo professor)

Lembro que em alguns paises europeus existem os titulos de mestres, doutores, phds, etc., como aqui, e existem ainda os titulos de professores, que são concedidos por bancas academicas, a convidados de notório saber em alguma área especifica e que possuem capacidade de transmitir o seu conhecimento ao meio discente. Tornan se assim docentes com titulo de professor, o que é uma grande reverencia as qualidades técnicas e de capacidade de relacionamento, empatia e transmissão desta pessoa.


Abaixo uma sintese do texto  :

Exagerando um pouco poderíamos dizer que  ensino é uma profissão absolutamente paradoxal pois exige a quem a exerce qualidades quase infindáveis de diversas profissões e matizes a fim de que a missão seja cumprida. Mas obviamente devemos ser mais modestos no que concerne esta atividade e ao desempenho dos docentes de ensino superior. Este texto se debruça na busca de respostas sintetizadas em duas perguntas :

Ensinar na universidade é ocupação ou profissão ?
Pode um professor universitário assumir a sua professoralidade ?

A preocupação com melhoria da qualidade do ensino superior gera e busca responder as questões acima.
Toda uma linha de investigações de qualificação do ensino superior está pautada em principios de uma filosofia de gestão já muito descreditada mesmo no meio empresarial.
Dizendo que “não há lugar onde os resultados da gestão de qualidade total sejam mais necessários do que na sala de aula”, cfe. Helms & Key (1995).

No entanto pauta se o texto em outra enfase que é a discussão do ensino aprendizagem, e de como tornar o ensino universitário um meio real de formação do profissional cidadão, responsavel e comprometido com a sociedade.

O artigo relata experiencias resultantes de investigações de um programa de 10 anos de capacitação de professores.

Percebe se que o ambiente docente universitario está pautando cada vez mais a sua qualificação em titulação, a titulação cada vez mais alta parece garantir a formação pedagógica. O que pode ser um equivoco de formação, pois os saberes do ato de ensinar na universidade possuem neste contexto pouco valor atribuído, em comparação aos conhecimentos técnico cientificos alcançados com esta formatação. Desta forma trazer a um mesmo patamar estes dois saberes tem ocupado um numero crescente de profissionais da educação do contexto universitário. Tarefa complexa pois os mesmo professores preocupados com esta distorção, participam e sofrem dela mesma no ambiente academico e de sua ética. 

A simplificação reducionista do processo de ensinar, que parte de conhecimentos prontos simplesmente a transmitir, o aluno deve ouvir e reter o que foi lhe apresentado, ainda é uma realidade hoje. Embora as preocupações em ensinar bem é preocupação crescente, a falta de familiaridade com os processos da educação e pedagogia ainda impede e dificulta o entendimenteo do que seja este processo de ensinar e aprender.

Outro fator que contribue para este distanciamento é a própria politica  oficial de financiamentos, que desprestigia as atividades de pesquisa nesta área e incentiva a formação e incremento de produção cientifica  em áreas especificas.

Os dispositivos legais encaminham as instituições a sindromes de “doutorado” e “publicações” como unicos caminhos possiveis aos docentes que não querem ser taxados de improdutivos. Os grande atrativos são a produção de pesquisas e o vinculo ao ensino nas pos graduações, com um interesse minimo ao ensino na graduação. As produções resultantes da titulação e pesquisa dos docentes poucos reflexos trazem a formação dos estudantes de graduação. E nos cursos para obtenção destes titulos não se incluem preocupações com formação pedagógica dos docentes.

Este é o cenario presente na maior parte das universidades do pais, no entanto algumas amostras de mudança apontam. Os avanços na área da educação do século XX, obrigam ao seu reconhecimento também no nivel superior. Nos ultimos 30 anos a preocupação com o desempenho deste docente cresceu, se estabelecendo a denominação de Pedagogia Universitária.

Agir neste universo significa produzir diversos discursos e formas de ação, em face as diversidades sociais e complexidades da universidade, multiplicação de conhecimento face a diversidade das demandas do mundo do trabalho, das contradições da globalização feroz e excludente.

Neste ambiente complexo poderemos nos debruçar em duas formas de atuação, que significam ser um profissional professor, ou o que significa ensinar na universidade.

O artigo relata resultados de trabalhos realizados pelo PAAP/UFRGS na busca por qualificação, a partir de avaliação do fraco desempenho pedagógico de um numero significativo de professores que mesmo altamente qualificados em suas área de conhecimento não obtinham sucesso no processo ensino aprendizagem de seus alunos.

A ausencia de preparo para a atuação como docentes de professores oriundos de bacharelados ou outros cursos, aliada a alta qualificação em suas próprias carreiras, com a não percepção da necessidade de preparação do pensamento pedagógico, os impedia de inovarem o seu proprio fazer docente.

 O PAAP não foi organizado como curso formal, pois possuia como foco a discussão e reflexão do fazer docente, abrindo novas possibilidade de prática, como cita a autora “abrir corações e mentes para entender, aceitar e propor inovações”.

O programa pautou se em respeito aos interesses, expectativas e saberes dos participantes, necessidade de trocas e entre os participantes e ministrantes

Outra estratégia foi de conhecer antecipadamente as caracteristicas dos grupos participantes,  expectativas como docente. Qual significado, dificuldades, problemas, responsabilidades pessoais, como eles se condideravam prioritariamente “professores” ou “profissionais de determindas áreas ocupados em ensinar”, qual o papel da pesquisa no seu cotidiano. Como coleta de dados de acervo para pesquisa.

A qualificação para a docencia no entanto interessa a poucos departamentos e a “prova didatica” exigida na maioria dos concursos públicos é baseada na exposição oral de determinado conteúdo, demonstrando desprezo pela dimensão pedagógica no ingresso de professores.

Ao longo de dez anos de existencia o PAAP com os seus dados colhidos começa mostrar pelo menos empiricamente alguma mudança na conscientização da importancia dos aspectos pedagógicos envolvidos com o ato de ensinar na universidade.
Um trabalho mais permanente deve levar em conta as mudanças profundas que passa a a própria exitencia da universidade,  o que inplica em novos problemas e desafios na forma e tarefa de porduzir conhecimento e técnica a futuros profissionais de várias áreas. Os alunos cada vez mais jovens, confusos (e imaturos) em relação a valores antes conhecidos e suficientes para a vida da sociedade, geram uma preocupação formativa cada vez mais complexa, e de certa forma desconhecida pelos professores e dirigentes, preocupados com a tarefa de transmitir conhecimentos. Estas preocupações e compreensões são tarefa urgente das universidades do 3 º milenio.

Pelos dados recolhidos infere se que a preocupação em compreender e resolver a grande equação, do aperfeiçoamento das relações pedagógicas entre professor  e aluno, como fator basico para o sucesso do ensino aprendizagem, contra o trabalho individual do pesquisador.

A participação obrigatória no programa deixa os participantes insatisfeitos, e ainda mais que está voltada a professores ingressantes que vinculama ativiadade a avaliação de seu estágio probatório. Os professores mais titulados tem maiores restrições a participação e aceitação da necessidade e compreensão de processos de formação/profissionalização docente.

Aspectos positivos foram relacionados a possibilidade de conhecer colegas de outras áreas e dividir as mesmas preocupações e questões, acesso a textos sobre temas da área da educação e sobre a universidade, assistir palestras de professores/educadores com experiencia gerando reflexão sobre o dia a dia, discussão de realidades sob diferentes óticas sem necessidade de optar por uma, tempo para pensar sobre o papel do professor universitário e de como desempenhar melhor a sua tarefa, percepção de que a universidade se preocupa em ter professores bem formados na área pedagógica (não basta ser bom profissional na sua área de conhecimento), momento de reflexão sobre o cotidiano da universidade sobre a prática docente.

O conjunto abre possibilidades de abrir um processo para um pensar e agir de forma mais critica e consciente na busca por novas formas de abordar o processo de ensino/aprendizagem na universidade.

No conjunto os participantes  sugeriram que o programa seja extendido aos demais professores e que ele tenha mais duração.

Emerge o problema da dificuldade dos professores doutores de contemplar as suas concomitantes tarefas com o ensino na graduação e de desenvolvimento da pesquisa. Esta realidade precisa ser discutida a fim de que se alcance uma convivencia pacifica entre as duas funções.

A pedagogia universitária voltada ao aperfeiçoamento do ensino deve contribuir para a construção de identidade do profissional professor, que substitua o profissional que se propõe a ensinar (substituindo o médico, engenheiro, farmaceutico, etc...), transmitindo os conhecimentos que supõe essenciais.

Responder ao desafio de auxiliar o docente a tornar se um profissional do ensino, exige a mudança do entendimento dos significados de ensinar e aprender, e as relações entre estes dois atos, e provocar a consequente mudança de ótica entre as relações entre professor e aluno.

No primeiro caso devemos desmistificar a “facilidade” de ensinar, como simples ato de transmitir explicitando a sua intencionalidade, sua complexidade e exigencias.

Ensinar hoje para o novo paragigma impõe uma oposição a racionalidade técnico-instrumental que imperou durante dois séculos. Ensinar implica em um elevado grau de incerteza quanto ao alcance dos objetivos, em função das caracteristicas absolutamente humanas envolvidas.

A aprendizagem deve ser reconceitualizada, compreendendo a como um ato volitivo de apropriação que implica apreender, reconstruir, assimilar mentalmente o novo conhecimento. Este processo não ocorre naturalmente pelo simples fato de assistir as aulas, pois exige atenção, reflexão e ação constantes. Nesta dimensão o envolvimento dos estudantes é fundamental.

Na relação professor-aluno é pacifico que se considere que os alunos detem alguns saberes e muitas expectativas, isto impõe que os professores devem desenvolver uma atitude empatica em relação ao aluno. O que se revela no entanto que na sala de aula manten se uma relação hierarquizada disfarçada por  atitudes de camaradagem, no entanto facilmente detectada por ocasião da avaliação.

A inquietação dos professores no entanto é real em relação as formas de avaliação.

No entanto a reavaliação de todo um conjunto do processo ensino, aprendizagem e avaliação se faz necessário ao se discutir o significado da avaliação e o seu instrumento no processo a fim de que as aprendizagens sejam reais.

Todas a reflexões sobre a importancia do profissional professor ou de um professor profissional não podem ser realizadas sem reflexão, da pertinencia social da educação superior e dos compromissos da relação entre educação e sociedade. Bem como a compreensão entre teoria e prática, ensino-ação-reflexão-aprendizagem e ao espaço da criatividade e invenção, cada vez mais essenciais.

Como me tornei professor




A vida que hoje levamos é uma conseqüência da história que fizemos.
Para entender como me tornei professor, volto um pouco na minha história pessoal. As mudanças sempre fizeram parte de minha vida desde muito tenra idade.
Nasci no interior do estado na região das missões, o meu pai contabilista na busca por melhores condições de vida para a família que iniciava associou se a um familiar no oeste de Santa Catarina, em um negócio de exploração de madeira tão em voga na época (sou ainda do final dos anos 50).
Cresci nos primeiros anos vendo o meu pai neste negócio, vendendo máquinas agrícolas e exercendo a atividade de professor e diretor da maior escola da cidade. As atividades de educador foram as primeiras de sua vida profissional, de menino do interior fez formação de professor em São Leopoldo na antiga escola de Formação de Professores da Igreja Evangélica Luterana as margens do Rio dos Sinos, e atuou como professor em mais de uma cidade do Rio Grande do Sul e Santa Catarina ainda na sua vida de solteiro. Sempre gostou da atividade e a conciliou enquanto pode com outras atividades e negócios.
Desta vida pacata de cidade pequena eu fui transferido para a grande cidade de Porto Alegre. O que mudou em muito a minha dimensão de observação e de compreensão das complexidades. Estudei em bom colégio, o Pastor Dohms, que era muito mais exigente do que a escola de minha antiga aldeia. Acompanhava muito de tudo com o olhar de que vem de fora, e por isto talvez mais critico e muitas vezes mais distante do que os nativos do lugar, avaliando e pesando tudo com a visão de quem já viveu em outros pagos. Já havia estado em duas cidades bem diferentes entre si antes de marcar pouso na capital dos gaúchos.
Anos passei nesta cidade que me deu a continuação da formação de primeiro grau, o segundo grau. E a minha curiosidade peculiar da mente de um engenheiro, mas exigência estética mais refinada me levou para a arquitetura.
Da arquitetura que me abria ao mundo, a vida na europa foi uma atração cada vez mais forte, e assim que quando terminei minha graduação, depois de 10 longos anos trabalhando e estudando, fui fazer estagio em um escritório alemão de arquitetura, do estágio fui trabalhar como profissional em Lisboa, e depois retornei a Alemanha, para atuar no gerenciamento de obras, e assim o estágio de poucos meses acabei estendendo para mais de oito anos a minha vivencia, que  em muito acrescentou ao meus conhecimentos profissionais, e com a oportunidade de viver em várias cidades em função do trabalho, uma experiência pessoal e humana marcante que deu continuidade as percepções do meu inicio de vida quase cigano com os meus pais.
Mas o Brasil e os amigos de outrora ainda me chamavam, e acabei retornando.
Voltei, e para me aclimatar comecei um mestrado na área de sustentabilidade, tema que muito me atraiu na europa pelo seu desenvolvimento nesta área. Deste mestrado começado (e até hoje inacabado), e pela minha curiosa experiência européia na área de arquitetura e construção, acabei sendo chamado para dar aulas, primeiro em porto alegre, no vale do sinos, e posteriormente pela serra, na UCS onde me senti bem integrado ao curso.
E assim comecei a minha atuação em mais um novo segmento para mim, o do ensino na arquitetura e urbanismo, sei que pautei sempre o meu ensino com diretrizes mais práticas do que teóricas, de acordo com a minhas experiências pessoais de vivencia profissional, nas minhas aulas de projeto, desenho técnico, ou disciplinas de desempenho das edificações, sempre priorizei a relação dos conteúdos teóricos com a aplicação prática real, creio que este é um dos diferenciais como professor na minha relação com os alunos.
Já a aproximadamente dez anos que atuo como professor e arquiteto concomitantemente, creio que um papel apóia o outro na sua atuação e qualificação, sempre me vi como uma pessoa plural que tem desejo de abraçar várias frentes ao mesmo tempo, sei que esta vontade gera muitas possibilidades mas talvez algumas dificuldades com o direcionamento e foco, nesta dimensão o meu mestrado ainda não foi concluído apesar dos esforços e boa vontade do meu orientador amigo incansável a sinalizar sempre e fortemente a luz  do conhecimento do mundo acadêmico.
A atuação como professor sempre foi muito enriquecedora pelo contato com os meus alunos, na suas buscas por conhecimento e com a cooperação que eu posso dar nesta fase de vida tão importante que é o da formação acadêmica destes jovens, creio sim que posso contribuir com o meu conhecimento e minha trajetória pessoal. Continuam me incentivando as boas avaliações dos alunos e a procura de alunos para orientações e estágios.
Neste momento, como inscrito neste curso de especialização para formação de professores do ensino superior, me sinto mais professor, pois o momento oportuniza uma reflexão impar depois de anos de atuação, me possibilitando uma revisão da forma de atuação, e percebendo em mim muitas qualidades como professor que nunca foi formado teórica e academicamente, e que agora tem a oportunidade desta reflexão e formação didática pedagógica, apoiando assim o meu conhecimento técnico que já possuía pela trajetória profissional.
Agradeço muito a oportunidade que a universidade está me dando nesta reflexão pessoal de potenciais, alguns deles talvez adormecidos. O ritmo deste curso me sinaliza uma retomada dos aspectos mais acadêmicos do professor e assim do meu mestrado com mais objetividade e motivação.